Biocombustíveis: Agora é a Vez de Carros Movidos a Uísque na Escócia

A indústria de uísque escocesa movimenta cerca de US $6,24 bilhões dólares por ano. Como se diz por aí: “são os biriteiros do mundo inteiro que sustentam a economia escocesa.”

Acontece que esta bilionária atividade alcoólica que tantos estragos trazem ao seu bolso e fïgado, produz também resíduos que poderão ser usados em poucos anos para girar carros e não tão somente a cabeça dos amantes do bebida escocesa.

Biocombustíveis à Base de Uísque

Durante o processo de destilação de uísque, dois principais resíduos são criados: “ale” pote, o líquido dos alambiques de cobre, e o cake (borra) , dos grãos fermentados, resultado do processo produtivo do uísque.

Como consequência das grandes quantidades de uísque feito na Escócia, há uma produção anual de 1,6 mil milhões de litros de “ale” pote e 187.000 toneladas de cake (borra).

Como no caso do vinhoto e bagasso da cana de açucar, a questão é o que fazer com tantos resíduos ou sub-produtos?

Usando amostras da Destilaria Glenkinchie em East Lothian, pesquisadores da Universidade de Edinburgh Napier desenvolveram um método de produzir biocombustíveis a partir destes dois subprodutos.

Os cientístas estão pesquisando a transfromação (aproveitamento) destes resíduos em biocombustível, mas precisamente em butanol. O butanol tem uma densidade energética de 29.2 MJ/L que é 30 por cento a mais do que o etanol (19.6 MJ/L) e , ao contrário do etanol, pode ser usado em veículos convencionais, sem modificações dos motores.

A equipe disse também que fará testes para usar o biocombustível biritinado para abastecer aviões e como base para produtos químicos, como acetona, um solvente importante.

A tecnologia utilizada é baseada em um processo que tem mais de 100 anos. Este processo foi originalmente desenvolvido para a produção de butanol e acetona a partir da fermentação do açúcar. A equipe adaptou-o para usar como matéria prima os subprodutos do uísque.

Chaim Azriel Weizmann

O processo bioquímico de produção do biobutanol foi desenvolvido baseado nas pesquisas de fermentação conduzidas por Chaim Azriel Weizmann. Weizmann além de ser um brilhante cientista foi também foi o primeiro presidente de Israel.

Um fator importante ressaltado pela equipe pesquisadora é que os resíduos uisqueleiros não vão competir com agricultura alimentar e isto tem um grande significado na produção de biocombustível atual.

O Mandato da União Europeia para Uso de Biocombustíveis

A União Europeia estabeleceu um mandato de biocombustíveis determinando que até 2020 todos os combustíveis distribuídos na UE devem ter uma mistura de 10 porcento de biocombustíveis.

Esta legislação está sob fogo cerrado dos críticos pois com as tecnologias atuais esta meta vai resultar em uma intensa competição com a producão de alimentos, principalmente nas culturas de grãos energéticos para biocombustíveis.

Isto implica em redirecionar o uso do solo e de sua sustentabilidade agrícola. No meio destas pressões, a Inglaterra foi uma das primeiras a dar um passo atrás e re-programou suas metas de biocombustíveis, Outros países estão fazendo o mesmo e a corrida para descobrir fontes alternativas não competitivas com alimentos é uma alta prioridade.

Contudo, transformar resíduos de álcool em biocombustíveis não é um conceito novo – Coors tem feito isso em uma de suas cervejarias no Colorado, USA, há vários anos.

A pergunta que vai ficar no ar é se os biriteiros europeus vão querer daqui por diante igualar o teor alcoólico sanguíneo ao mesmo 10 porcento que os biocombustíveis vão conter nos tanques dos seus carros. Que você acha disso?

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