A empresa aeroespacial Boeing divulgou esta semana pesquisa realizada pela Universidade de Yale mostrando um potencial significativo da produção de combustível de aviação baseado em óleo extraído das sementes de Jatropha curcas.
O estudo mostrou que, se devidamente cultivado, o pinhão manso poderia oferecer importantes benefícios ambientais e socioeconômicos para o Brasil, México e toda América Latina, além de reduzir a emissão de gases com efeito de estufa (GEE) em até 55 por cento quando comparados com a produção de combustíveis de petróleo.
O estudo usou um cenário ou modelo de referência, que pressupõe um rendimento médio de 4 toneladas de sementes secas por hectare/ano irrigado por gotejamento baseados nas atuais condições de logística existente no Brasil.
Assume uma vida útil produtiva da cultura de 20 anos sem qualquer alteração direta do uso do solo resultando numa emissão de 40 kg de CO2e por giga-joule (GJ) dos combustíveis produzidos, uma redução de 55% em relação ao biojetfuel convencional.
O estudo foi realizado no período de 2008-10 e financiado pela Boeing, usando critérios de sustentabilidade desenvolvidos pela Mesa Redonda sobre Biocombustíveis Sustentáveis para determinar as condições reais de produção no Brasil e na América Latina.
Especificamente, o estudo centrou-se na comparação do ciclo de vida das emissões de gases com efeito estufa a partir de querosene parafínico sintético produzido de óleo de jatropha cultivadas no Brasil como um substituto a jetfuel comparados a um cenário de referência dos combustíveis para jatos convencionais.
Além disso, a equipe responsável pelo estudo conduziu extensas entrevistas com agricultores de pinhão manso e medições de campo usadas para desenvolver a análise de sustentabilidade de projetos reais.
Os dados analisados são aplicáveis também à condições semelhantes no México e fornece orientações para os esforços brasileiros para desenvolver um mercado de aviação comercial dos biocombustíveis.
Este é uma ferramenta importante para ajudar a todos do setor compreenderem melhor a sustentabilidade de pinhão manso como fonte de biojetfuel, ao mesmo tempo, fornecer dados científicos sólidos para os governos e as organizações ambientais em toda a região, segundo afirmaram autoridades da Boeing.
Os projetos de jatropha foram analisados incluindo reais operações de pequena e grande escala fazendas variando de propriedade com menos de 10 hectares até mais de milhares de hectares. Os investigadores usaram um sólido quadro de análise para comparar as condições do terreno antes e após o cultivo do pinhão-manso.
Um dos achados mais vitais identifica o uso anterior da terra como o fator mais importante na obtenção dos benefícios de redução de gás de estufa em biojetfuel baseado em jatrofa. Se pinhão manso é plantado em terras antes cobertas por florestas, arbustos e gramíneas nativas, os benefícios podem desaparecer completamente.
Ao contrário, se a cultura é plantada em terras que já foram desmatadas ou degradadas, carbono adicional é armazenado e as reduções de emissões poderão exceder mais de 60 por cento. A pesquisa enfatizou que os produtores devem prestar redobrada atenção ao uso da terra antes ao decidir onde localizar os projetos de jatrofa.
Um segunda achado descoberto no estudo determinou que os projetos pioneiros de pinhão-manso no Brasil enfrentaram desafios sérios com a falta de variedades de sementes selecionadas melhoradas o que afetou duramente a produtividade.
Outros pontos analisados incluíram as grandes variações em produtividade, exclusão de irrigação, reduzido acesso a cadeias de fornecimento de insumos e falta de tecnologias de cultivo.
O estudo identificou dezenas de agricultores de jatrofa dispostos a participar da pesquisa, apesar de grandes desafios encontrados com esta nova cultura no Brasil. A surpresa maior dos produtores foi que esta era a primeira vez que alguém havia estudado os seus esforços.
Agora com um estudo tão detalhado como este, o cultivo de pinhão manso no Brasil, México e em toda a América Latina pode ter diretrizes e indicadores de produção para orientar planejadores, órgãos financiadores e produtores no correto direcionamento da sustentabilidade da produção de querosene de aviação baseado em óleo da semente de Jatropha.
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