A despeito de desafios imensos a ser vencidos, a Indonésia e outros países asiáticos estão promovendo agressivos programas de aquicultura visando os mercados internos e de exportações.
Novamente, Indonésia é outro país que mostra ao Brasil como a aquicultura pode ser um instrumento importante na criação de empregos, dinamização de economias regionais e aumento da oferta de pescados para toda a população.
Como pode ser visto nos relatórios mensais de importações de pescado, o Brasil com todo este potencial aquícola importou no ano passado mais de 1 bilhão de dólares de pescado (2010: Brasil Importa US $1 Bilhão em Pescados – Enquanto Vietnã Exporta US $1,4 Bilhões Somente com Pangasius).
Somente nos tres primeiros meses de 2011, (Fonte: SECEX/MDIC) 0 Brasil já importou mais US $320 milhões de dólares de pescados. Nesta velocidade, vamos ultrapassar sem dúvida alguma os valores de 2010.
Por outro lado, a Indonésia, a maior produtora do mundo de estanho e carvão térmico, agora quer dominar o mercado global de outra vital commoditie: peixe cultivado.
Embora a produção anual neste arquipélago do Sudeste Asiático de 17.000 ilhas já é a terceira maior do mundo, mas sua infraestrutura é inadequado não permitindo que o país esteja entre os 10 maiores exportadores de peixe do planeta.
O governo está tentando mudar isso através do fomento da aquicultura, modernização de suas estradas, portos e instalações de processamento, objetivando incrementar a produção do país de tilápia, pangasius e outros pescados.
As autoridades locais dizem: “onde quer que você tem água, podemos criar peixe, e dois terços do nosso país é a água”. Imagine se as autoridades brasileiras pensassem da mesma maneira.
Neste sentido, o país asiático começou um programa, chamado Revolução Azul, que visa aumentar as exportações de peixe da Indonésia em mais 70% nos próximos três anos. Provavelmente, se continuarem as atuis condições, quem sabe se o Brasil poderá estar importando peixe da Indonésia num futuro próximo.
A total produção somente de peixes capturados e cultivados na Indonésia atingiu 6,7 milhões de toneladas em 2008, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. A China produziu 47,5 milhões de toneladas e a Índia cerca de 7,6 milhões de toneladas.
Embora a expansão da Indonésia, em grande parte, se destine a abastecer o consumo interno, o sucesso do programa aquícola vai acrescentar mais um participante asiático na aquicultura mundial que já nos últimos anos viu os exemplos vitoriosos da Tailândia, Vietnã e outros países.
Estes países promoveram o cultivo, principalmente do Pangasius para dominarem boa parte do mercado internacional de filés de peixes brancos.
Como parte do Revolução Azul, o governo indonésio escolheu este ano 24 cidades que se tornaram zonas ou distritos aquícolas. O governo pretende enviar milhares de especialistas para treinar os produtores locais sobre como aumentar a sua produtividade, lidar com as doenças de peixes e atingir novos mercados.
Os bancos estatais vão oferecer empréstimos altamente subsidiados aos produtores e melhorar as redes de instalações de armazenamento refrigerado e plantas de processamento.
O Ministério de Pesca e Aquicultura Indonésio planeja investir cerca de US $ 3 bilhões de dólares nos próximos cinco anos no setor aquícola. Vão criar uma rede de centros de treinamento, tratamento e controle de enfermidades piscícolas para treinar produtores e diagnosticar e cuidar das doenças que infectam algumas fazendas.
O governo está também convidando investidores da China, Taiwan e outros países para participar desta agressivo esforço de dinamização da aquicultura indonésia.
Na ilha de Sumatra Ocidental, por exemplo, a comunidade adotou o slogan, “um viveiro ou tanque rede de peixes para cada casa”. Hoje cerca de 95% dos lares têm novos viveiros ou tanques redes instalados ou construídos em seus lagos e quintais, disseram as autoridades. Alguns deles já estão estocando Pangasius.
O distrito Kampar de Sumatra é uma das primeiras áreas que o governo tem escolhido como zona aquícola. O município acaba de criar um centro de treinamento para diagnosticar doenças dos peixes e monitorar a qualidade da água.
Um lago do distrito Koto Panjang, já conta com mais de 2.000 tanques rede, os aquicultores estocam milhões de alevinos de tilápia, pangasius, e qualquer outra coisa que podem vender. Uma fila de caminhões se estende à beira do lago para pegar os peixes vivos que são transportados para os mercados locais ou vão para processadoras visando exportação..
Neste lago, um produtor começou com uma gaiola alguns anos atrás e hoje tem mais de 200. Ele progrediu tanto que seu barraco junto ao lago, tem agora dois andares, uma máquina de karaoke e uma garagem para seu BMW.
Ele começou com uma pequena ajuda do governo, mas agora recebe regularmente assistencia sobre alimentação, doenças e marketing. Ele diz que aguarda com expectativa a rodoviária e estação que estão sendo construídas para o lago. Ele planeja adicionar centenas de gaiolas e vender alevinos de Pangasius para todo o país para iniciar novas fazendas.
Vendo todo estes esforços de tantos outros países para fomentar e estimular a aquicultura, quando é que vamos ver no Brasil um esforço concentrado para tornar o país pelo menos autossuficiente na produção de peixe e não continuar importando $bilhões em pescados como faz atualmente, inclusive de países asiáticos (Por que o Brasil não é uma Potencia Mundial em Aquicultura?)
Imaginem o que o Brasil poderia atingir se estimulasse e multiplicasse programas vitoriosos como o modelo das Associações de Piscicultores da Tanque rede do Padre Antônio e Ivone que ajudamos a começar nos lagos da Chesf no Rio São Francisco no Nordeste Brasileiro.
O Brasil tem tudo para ser uma potencia mundial em aquicultura. Temos modelos vitoriosos, conhecimento e tecnologia avançada, como os Systemas AquaBioPonis-AquaFuelsPonics, mão de obra qualificada e recursos hídricos e uma ictiofauna como nenhuma outro país do mundo. O que está faltando?….
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