Biocombustíveis – Pongâmia Séria Opção para Biodiesel?

Biocombustíveis – Como temos mostrados em posts anteriores, a saída da crise energética e o estabelecimento de uma bioeconomia viável e sustentável passa pela multiplicidade e diversidade de matéria-prima ou biomassa que tenham condição de produzir combustíveis sem ocupar áreas agrícolas destinadas a produção de alimentos.

Você deve ter ouvido falar em dezenas ou mesmo centenas de possíveis culturas energéticas que aparecem constantemente no net prometendo mundo e fundos ou que esta é a solucão final.

Contudo com o tempo, vai acontecendo uma filtração natural que separa as que são baseados em hyper, sentimentos, opiniões, ou interesses pessoais, das que são fundamentadas em pesquisas e dados verificáveis.

Na realidade, atualmente, para Biodiesel e Bio-querosene as opções de maiores potenciais que não entrem na controvérsia de “comida versus combustíveis” são camelina, algas e pinhão-manso.

Deste modo, qualquer nova opção de plantas para Biocombustíveis é bem vinda desde seja testada em pequena escala e verificada suas potencialidades e desafios a serem vencidos antes de ser promovida em larga escala.

Biocombustíveis – Pongâmia Pode Ser Mais uma Opção BioEnergética

Biocombustíveis - Árvore de Pongamia pinnata
Biocombustíveis - Árvore de Pongamia pinnata

Na Índia e na Austrália, uma leguminosa, a Karanja (Pongamia pinnata), uma árvore plantada em climas semi-áridos e que produz sementes que contém 30-40 por cento de óleo nâo comestível, está se tornando uma escolha popular de oleaginosas para produção de biocombustíveis.

Sua produtividade para Biocombustíveis, ainda a ser comprovada em bosques experimentais, pode ser entre 10-50 kg óleo/planta/ano ou 1500-3500 kg óleo/ha/ano, teoricamente maior do que soja (400 kg óleo/ha/ano) e canola (600 kg óleo/ha/ano).

Todas estas possíveis positivas características têm chamado a atenção dos pecuaristas e silvicultores dos EUA , principalmente no nosso grande e destemido estado da República do Texas.

Consequentemente, Pongâmia, também chamada “árvore de energia”, está sendo testada em bosques experimentais no Texas para determinar a adaptabilidade da árvore ao meio ambiente e condições climáticas locais.

Segundo os promotores desta árvore nos EUA, os resultados até agora têm sido muito positivos e animadores. Pongâmia é tolerante a solos salinos e alcalinos, pode suportar estiagens, cresce bem em terras marginais e é uma das poucas árvores fixadoras de nitrogênio que produz sementes contendo 30-40 por cento de óleo.

Biocombustíveis – Cerca de 30.000 Árvores já Foram Plantadas no Texas

Cerca de 30.000 árvores já foram plantadas perto de San Isidro, Texas, a oeste de Zapata e norte de Edinburg, no Baixo Rio Grande Valley segundo a associação dos produtores do estado. Além disso, bosques de Pongâmia foram plantados perto de El Campo. Industrias de plásticos têm leased terras para testar estas árvores.

 Pongâmia é uma árvore bonita atingindo uma altura de até 10 metros de altura e tronco de 50 cm de diâmetro e pode ser propagada por sementes, vegetativamente e por micropropagacão.

Pongâmia tem relativa tolerância a seca de climas áridos e pode ser cultivada em pequena escala em comunidades rurais. Seu óleo filtrado, como no caso de pinhão-manso, pode ser usado diretamente em motores diesel sem ser necessário transformar em biodiesel.

Ele pode tolerar extremas temperaturas e luz solar intensa, e as suas semente podem ser colhidas com uma colhedeiras de amendôas, e as esmagadoras de amendoim e soja fazem um bom trabalho na extração do óleo .

A borra ou bagaco de semente após retirado o óleo pode ser utilizado como um fertilizante de nitrogênio de alta qualidade e quando desintoxicado e misturado com soja pode até ser um alimento animal de alta concentração de proteína.

O adubo orgânico produzido como um subproduto do processo de produção de biodiesel com karanja devido ao alto teor de carbono orgânico e presença de karanjin (tipo de flavonóide), ajuda a aumentar a fertilidade do solo, a produtividade das culturas e também controla pragas, especialmente nematóides.

Segundo os especialistas, como esta leguminosa fixa nitrogênio no solo, as gramíneas sob as árvores ficam exuberantes e verdes, e o gado percebe isto rapidamente quebrando cercas ao lado para pastar no capim associado com as Pangomias.

No caso específico do Texas que enfrentou um seca histórica o ano passado e as pastagens foram pisoteadas e destruídas em todas as partes, as gramíneas que estavam junto as Pongâmias serviram de alimento emergencial para o gado do pasto.

Comparando-se a eficiência do uso ou consumo de água, em termos de gramas de biomassa produzida/kg de água consumida, têm-se que a Pongamia pinnata produz cerca de 0,8 gramas de biomassa por cada quilo de água consumida.

Dados mostram que a eficiência do uso da água para algumas culturas agrícolas, tem-se que cada quilo de água usada, gera uma produção de 0,98 grama de trigo, 0,05 grama de feijão, 1,08 grama de milho e 0,6 grama de batata.

Isto mostrou que além de ser uma cultura energética, esta planta pode oferecer benefícios adicionais para os produtores rurais de qualquer nível.

Na realidade prática, como a Pongâmia fixa o nitrogênio no solo, produtores poderão consorciar a árvore com gramíneas de crescimento rápido antes que a copa da planta adulta venha restringir a exposição solar.

Biocombustíveis – Qualidades do Óleo de Pongâmia para Biodiesel

Biocombustíveis - Sementes de Pongamia pinnata com 30-40% Óleo
Biocombustíveis - Sementes de Pongamia pinnata com 30-40% Óleo

O óleo da semente de Karanja ou Pongâmia quando usado para produzir biodiesel tem propriedades físicas muito semelhantes ao diesel convencional.

No entanto quando a emissão de poluentes, o óleo da Karanja é mais limpos como biocombustíveis do que o diesel fóssil. Não tem nenhum compostos poliaromáticos e produz menos fumaças tóxicas e reduzida emissões de fuligem.

Além disso, o mesmo óleo pode ser usado diretamente para cozinhar e como também lubrificante, agregador para tinta a base de água, pesticida, e na fabricação de sabão e na indústria de curtume em outros países.

Na Índia, onde a árvore é amplamente utilizada como cultura energética, folhas secas são utilizadas como um repelente de insetos em grãos armazenados. O bolo que sobra depois da prensagem das sementes quando é aplicado ao solo como fertilizante, tem um valor de pesticida.

Segundo os promotores da árvore no Texas, “Pongâmia parece ser mais promissora do que outras matérias-primas e estamos esperançosos que nosso estudo irá demonstrar sua adaptação à produção em larga escala no Texas”, acrescenta um dos experimentadores.

Entretanto, como qualquer outra árvore de cultura perene, Pongâmia requer 4 a 5 anos antes que a árvore esteja madura o suficiente para ser explorada comercialmente. Mesmo assim, considerando que tem um crescimento comparativamente rápido, uma vez estabelecida, tem uma vida produtora para além dos 50 anos.

Pongâmia é mas uma promessa a mais que se junta ao time das plantas energéticas. Contudo, como acontece com qualquer nova espécie candidata a produção de biocombustíveis precisa de mais pesquisas práticas que mostrem as reais potencialidades como séria produtora de bioenergia.

Contudo, nada impede onde é possível e permitido, iniciar plantações de Pongâmia para sombreamento e recuperação do solo, pois suas propriedades de fixação de nitrogênio são mais do que comprovadas.

Além disto, a nível de agricultura familiar semelhantemente ao pinhao-manso, temos reais benefícios que cada árvore adulta oferece podendo produzir pelo menos 10 litros de óleo anualmente usando areas marginais e de siqueiro.

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