Tecnologias atuais de transesterificacão e gaseificação (pirolosys e plamalysis) permitem que os resíduos, fezes, restos, escórias, amparas e outras sobras de cultivo e processamento de Tilápia, Pangasius, especies amazônicas e outros tipos de peixes sejam usados como excelentes matérias primas para produção de que chamo Biocombustiveis Aquícolas tais como Biodiesel e outros tipos de biocombustíveis e derrivados.
O uso de gordura animal para produção de biodiesel não é uma tecnologia nova, entretanto a capacidade de adaptação desta tecnologia para produzir o Biodiesel Aquícola (Piscícola) tem recentemente atraído o interesse da indústria de produção de pescados.
A controvérsia da produção de alimentos versus combustíveis ou seja a competição de produtos agrícolas para produzir bioenergia está se tornando bastante significativa e será ainda mais nos próximos anos. Tanto nos USA como em várias partes do mundo há uma corrida para achar feedstock (matéria prima) para biocombustíveis barata e que não competam com a produção de agricultura alimentar.
Fazendo Todo Sentido: Tanto Ecológico, como Econômico
Sendo assim, o uso de resíduos de produção (excrementos, mortalidade de cultivo) e processamento (escórias, amparas, restos) oriundos da aquicultura para a produção de bioenergia faz todo sentido tanto ecológico, como econômico e inclusão social.
O processo de conversão de óleo de origem vegetal ou animal em biodiesel é conhecido a mais de 150 anos. O biodiesel não foi inventado recentemente como alguns querem afirmar. A tecnologia é direta e existem sistemas modulares prontos para ser usados.
Após o óleo de peixe ser produzido (extraído) a partir dos resíduos de processamento do pescado, o mesmo passa por um processo químico chamado de transesterificação com o uso de um catalizador (normalmente soda potássica ou cáustica) e adição de um álcool (metanol ou ethanol), o biodiesel é produzido.
Dez litros de óleo de peixe + um litro de alcool produzem cerca de 10 litros de Biodiesel Aquícola e 1 litro de glicerina. Dependendo do conteúdo de óleo nos resíduos aquícolas, é possível produzir até meio litro de biodiesel para cada kg de resíduos de pescados.
Nosso grupo está desenvolvendo tecnologias para transformar glicerina em biometanol e em outros tipos de green-químicos de alto valor agregado.
Como resultado do agressivo programa de aquicultura do bagre Pangasius, empresas no vale do Rio Mekong na Ásia estão utilizando restos de produção e processamento do bagre vietnamita (tanto no próprio Vietnam com em outros países asiáticos) para produção de Biodiesel Aquícola a nível local.
Somente uma das dezenas de processadoras de Pangasius em operação neste país asiático, chega a processar 120 ton de resíduos aquícolas diariamente.
Biodiesel Aquícola no Vale do São Francisco no Nordeste Brasileiro
Alguns anos passados, tentamos introduzir o Biodiesel Aquícola no Vale do São Francisco no Nordeste Brasileiro.
Tínhamos e temos uma das mais avançadas e custo-efetivo tecnologias de transesterificação e gaseificação para produção de biocombústiveis.
Aliado a isto, queríamos que o Brasil fosse um dos pioneiros nos uso de restos aquícolas na industrialização de biocombustiveis. Neste época poucos falavam de Biodiesel no Brasil, muito menos de origem píscicola.
Tendo isto em mente, assim que iniciamos o planejamento em 1997 da implantação do Pôlo de Aquacultura de Paulo Afonso, Petrolândia, Jatobá, Itaparïca e Itacuruba, colocamos no projeto uma unidade de produção de Biodiesel Aquícola junto à processadora que hoje pertence a Netuno em Paulo Afonso, na Bahia.
Infelizmente os investidores não acreditaram e tivemos de tirar a bio-refinaria que colocaria o Brasil à frente de todo o mundo na produção de Biodiesel Aquícola a partir de resíduos de tilápia.
Baseado no volume de tilápia projetado a ser processado diariamente neste Pólo de Aquicultura, a produção de Biodiesel Aquícola seria suficiente para abastecer boa parte da cidade de Paulo Afonso e regiões circunvizinhas com biocombústiveis produzidos a nível local.
Hoje presenciamos o Vietnam e outros países do mundo fazendo aquilo que o Brasil deveria ter feito há muito tempo. Mais uma vez estamos a beira do progresso vendo os outros fazerem o que teríamos e temos condição de fazer desde a muito tempo.
O Brasil com este imenso potencial de recursos hídricos, humanos e naturais tem tudo para ser uma potência em aquabusiness -aquacultura e biocombustiveis vindos do setor aquícola.
Modelos de sucesso como as associações de piscicultores do Padre Antonio e Ivone Lisboa poderiam ser multiplicados e incluidos no programa de agricultura familiar visando a produção de alimentos e biocombustiveis. Teriamos muito mais probabilidades de sucesso do que com o uso da mamona e pinhão-manso.
Enquanto isto não acontece o Brasil continua importando anualmente $bilhoes em pescados congelados da China, Chile, Noruega e até Pangasius do distante Vietnam. Tudo isto para acomodar acordos comerciais que promovem uma atividade em completo detrimento do fomento do aquabusiness na nação brasileira.
E a mais recente, este ano vamos importar etanol dos Estados Unidos, pois, a produção de veículos flex foi super estimulada e se esqueceram de fazer o mesmo com a cana juntando a isto a disparada dos preços do açúcar nos mercados mundiais. Não deu outra: não temos produção de álcool para abastecer a demanda interna.
Enquanto isto resíduos aquícolas e agrícolas continuam sendo subutilizados, desperdiçados ou jogados fora, na maioria das vezes poluindo o meio ambiente. Só de bagaços de cana, o Brasil produz hoje perto de 200 milhões de toneladas que poderiam ser transformadas em biocombustíveis.
Temos conhecimento e tecnologias para mudar a curto prazo todo este panorama, só é preciso sair das intenções para as execuções e acreditar que o futuro pode ser hoje.
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i hope that we would be able to mass produce Biodiesel in the near future and i also hope that it would get cheaper’;;