Com o Brasil indo firme na direção de importar este ano o recorde de mais de USD $1.5 bilhões de dólares de pescado (se continuar no mesmo rítmo dos primeiros 5 meses de 2011), e o Pangasius trazido do distante Vietnã passando a ser um componente cada vez mais importante neste números, é bom ficar por dentro do que está acontecendo com Panga no outro lado do mundo.
Oposta à Indústria Catfish nos EUA e as indústrias do salmão na Noruega e Chile que são hoje comandadas por grandes produtores de ração e megas fazendas, a Indústria de Pangasius vietnamita é dirigida e comandada pelos processadores de pescados.
Elas decidem, mandam, desmandam e controlam praticamente toda a cadeia de produção aquícola do Pangasius e camarão do país.
O Crescimento Fenomenal da Indústria do Pangasius
Tudo que vem ocorrendo nestes últimos 10 anos com o Panga no Vietnã é de deixar qualquer especialista aquícola perguntando porque o mesmo não acontece no Brasil, principalmente quando vemos todo o potencial nacional aquícola não sendo desenvolvido comparado com o que os vietnamitas conseguiram até agora.
É bom ressaltar que esse crescimento fenomenal ocorreu a dispeito das dificuldades impostas por padrões climáticos adversos, os custos crescentes de insumos, parafernália de padrões de sustentabilidade e com recursos hídricos dezenas de vezes menores do que tem o Brasil.
Na realidade as grandes processadora ditam às fazendas todo o caminho e principalmente o preço que vão oferecer pelo peixe. Eles decidem a rentabilidade dos produtores que são absolutamente dependentes desses grandes exportadores de Pangasius.
As decisões técnicas, a alimentação, os juvenis, os métodos de cultivo são decididas pelas processadores envolvidas. Os produtores recebem os alevinos e ração, engordam os peixes por seis meses e fornecem os peixes adultos para as processadoras. .
Neste momento a luta das processadoras é implementar sistemas de gestão de qualidade que satisfaçam os exportadores e melhorem a imagem do Panga em todo mundo.
Nesta luta surge um outro grande desafio. Na batalha de atender normas e padrões internacionais, como os publicados pelo World Wildlife Fund (WWF), os produtores de pangasius têm de atender ou escolher entre mais de 20 padrões diferentes de gestões de qualidade na aquicultura.
O mais desafiador é que não há “um top padrão ” aplicável por todos os importadores. Exportadores vietnamitas vivem numa batalha diária e super confusa num mar de normas.
Resultado, todos do setor têm ou são forçados a gastar fortunas para obter os certificados para os mais diferentes mercados e compradores.
Isto coloca os aquicultores em situações difíceis, porque quando eles começam produzir não sabem ainda a quem eles vão vender o peixe e que as normas ou padrões vão seguir.
Muitos especialistas de pescados acham que este é um “truque ou manobra” de algumas ONGs que buscam criar escândalos e, posteriormente, impor novos padrões para os exportadores, faturando alto com as certificações.
É extraordinário que no meio de todos estes gigantes desafios, a indústria do Pangasius vietnamita continua explodindo e crescendo exponencialmente.
O volume de exportações do tra peixe (pangasius) explodiu na última década aumentando 40 vezes ou seja passando de USD 40 milhões em 2001 para mais de USD $ 1,4 bilhões em 2010.
A produção anual vietnamitas do Panga também foi ás alturas nos últimos 10 anos: de 37,5 mil toneladas em 2001 para 1,35 milhões de toneladas em 2010, segundo dados Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural (MARD) deste país.
No primeiro trimestre do ano, as exportações de pescados vietnamita dispararam em 28 por cento atingindo USD $ 2,58 bilhões em comparação ao mesmo período em 2010.
A indústria do Pangasius deve ser um exemplo para o Brasil que tem tudo para ser um potencia mundial em aquicultura, mas continua importando USD $bilhões cada ano e com uma produção aquícola bem aquém de suas potencialidades, capacidades empresariais e conhecimentos técnico-cientícos.