Espécies Invasoras: Se Não Podemos Vencê-las, Vamos Comê-las

Espécies Invasoras como Carpa preteada, Caranguejos verdes e Tilápia azul nos Pratos do Jantar Americano

Isto é, se você tem um limão à mão, invés de amaldiçoar a azedura da fruta, criar legislação para impedir o que você não pode controlar, porque não fazer uma limonada???

Livre mercado e criatividade fazem milagres. O que é uma peste ou erva daninha hoje, pode muito bem se tornar uma fonte de renda e de proteína para a população no futuro.

Chef Kerry Heffernan Preparando Espécies Invasoras (clique para ampliar)

Isto é o que mostra um movimento bem interessante que está acontecendo em restaurantes da costa leste dos Estados Unidos, principalmente, em Nova York.

Tudo está girando em torno de fazer com que espécies invasoras ou exóticas introduzidas intencionalmente ou acidentalmente nas águas americanas possam ser oferecidas em pratos criativos nos restaurantes estadunidenses.

Nao é para menos, sabendo que mais de 80% de todo o pescado consumido nos EUA é importado além das implicações ambientais das espécies invasoras.

O ponto dos que comandam esta campanha é que como os peixes e crustáceos (espécies invasoras) estão aí, não podem ser exterminadas, em outras palavras, não podem ser vencidas, então porque não desenvolver toda uma escola de gastronomia baseada nestas espécies locais invasoras.

Tudo está sendo feito na esperança que estas espécies invasoras possam cair na graça dos consumidores dos EUA e se tornem o prato especial do dia no próximo jantar-fora com amigos.

Uma das espécies invasoras trabalhados e constante do menu é a Carpa asiática, mais conhecida como carpa prateada (Hypophthalmichthys molitrix), ou a maldição dos agentes do serviço de proteção de vida selvagem do Centro-Oeste americano que estão fazendo de tudo para manter esta espécie fora dos Grandes Lagos.

Carpas capim (Ctenopharyngodon idella), prata, preta (Mylopharyngodon piceus) e cabeça grande (Hypophthalmichthys nobilis) são conhecidas como os “Quatro peixes domesticados” na China e são as espécies de peixes de água doce mais importante para a alimentação e medicina tradicional chinesa. Carpas prateda e cabeça grande são os peixes mais importantes, em todo o mundo, em termos do total produção aquícola.

Em um post passado mostramos uma pescaria deste grande peixe no Rio Wabash em Indiana-US (Carpas Prateadas Voando – Pescaria Nunca Foi Tão Difícil).

Outra das espécies invasoras no menu é o peixe-leão (lionfish), nativo do Oceano Índico, que pode agora ser facilmente encontrado ao largo da costa oriental desde a Flórida até a Carolina do Norte.

“Se os consumidores vão comer esses peixes … nós temos que torná-los um pouco sexy, temos que renomeá-los, e nós precisamos falar sobre os seus sabores, e precisamos de chefs para colocá-los em seus menus de degustação”, afirmou um dos líderes do movimento.

Um dos grandes entusiastas da campanha é Kerry Heffernan, chef executivo do restaurante South Gate localizado nas imediações do  Central Park de Nova York.

Chef Heffernan desenvolveu dezenas de pratos e maneiras deliciosas para servir espécies invasoras como a carpa e o peixe-leão, bem como os caranguejos verdes e tilápia selvagem ou azul (Oreochromis aureus).

“É muito incomum que nós, como chefs sejamos simpáticos, abracemos ou irmos ao encontro de novas espécies”, disse Heffernan.

O maior dos peixes, a carpa asiática ou prateada, tem uma complexa estrutura óssea que torna a preparação um desafio. O inteligente design desta espécie é como que quem a projetou colocou uma estrutura óssea ao redor para não ser possível de acessar a carne, segundo especialistas.

Enquanto as processadores comerciais usam fazer postas destes peixes, Heffernan adotou uma abordagem francesa para encontrar pedaços de carne limpa sem osso que ele temperou e fez um delicioso escabeche.

“A carpa asiática é muito tenra, muito suave, acho que é semelhante a outras carpas, mas é realmente quase como whitefish dos Grandes Lagos.”

O caso dos Lionfishs é um pouco diferente, ele têm espinhos venenosos, por isso têm de ser removidos antes de preparar o peixe.

“O peixe-leão não tem contrapartida, exceto que ele é um pouco como um cruzamento entre outros peixes conhecidos. Tem estrutura um pouco mais delicada, e ao mesmo tempo firme “, disse Heffernan, que escolheu um refogue do peixe para mostrar a textura.

Caranguejos verdes têm sido usados como iscas, por pescadores da Nova Inglaterra por décadas. Heffernan fez uma sopa que muitos acham mais saborosa do que a tradicional feita com caranguejos azuis.

A grande e boa novidade para Heffernan foi a tilápia selvagem ou azul , que invadiu a lagos de água doce da Flórida. Tem muito menos sabor de terra do que muitas tilápias cultivadas, principalmente as que vêm da China.

Nativa do norte da África e de Israel, tilápia azul foi importada em 1961 e se estabeleceu na Flórida, Texas e Alabama. Oreochromis aureu

“A estrela que surgiu para mim foi a tilápia azul”, disse ele, “a sua mais firme musculatura e úmida, faz com que possamos realmente cortá-la depois que é cozida.”

Recebendo chefs e comensais animado sobre essas espécies invasoras que tiram o sono de muitos é o ponto de todo o movimento. Os promotores dos eventos gastronômicos querem criar um mercado, e apresentarem opções para os peixes que invadiram os rios, logos e mares americanos.

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