Somente em um dia mais de 110 Tomahawk Cruise Mísseis foram lançados de submarinos e fragatas britânicas e americanas no recente ataque a Líbia no norte da África.
Cada Tomahawk custa cerca de US $1.5 milhões de dólares, elevando o custo da invasão deste país para mais de USD $500 milhões de dólares nos primeiros 2-3 dias de guerra matando milhares de líbios.
Por outro lado, na mesma África na sua parte oriental mais de 8 milhões de pessoas estão correndo o risco de morrer não por ter petróleo, mas de fome devido a escasez de alimentos.
Outras fontes afirmam que estes números podem chegar aos 25 milhões rapidamente. O custo de cada míssil lançado na Líbia, se convertido em alimentos, dava para alimentar mais de cem mil pessoas por alguns meses.
O número de pessoas que necessitam de ajuda alimentar de emergência no leste da África aumentou de 2 milhões para quase 8,4 milhões este ano como resultado da seca que continua a assolar a região por cinco anos seguidos, segundo fontes de agências humanitárias cristãs e da ONU.
Chuvas extremamente escassas de outubro a dezembro levaram à quebra significativa da safra, uma diminuição na disponibilidade de água, a deterioração das condições de pastagem e consequentes perdas de gado em Djibuti, Etiópia, Quênia, Somália e Uganda.
A situação é ainda mais agravada por conflitos na área, a falta de acesso e a alta dos alimentos e as doenças humanas e animais, confirme dados do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação dos Assuntos Humanitários (OCHA).
A esmagadora maioria das populações recentemente afetadas, 1,2 milhões de pessoas, são do Quênia, de acordo com as novas avaliações feitas por missionários e agências humanitárias.
Surtos de doenças em animais relacionados com a seca têm sido a causa de morte de mais de 5.000 animais em Marsabit, Quênia, somente em janeiro e continua a aumentar. Mais de 10.000 pastores somalis atravessaram a fronteira com o Quênia, enquanto cerca de 30.000 animais e 10 mil pastores do Quênia têm migrado para o Uganda.
Migrações transnacionais também têm sido relatadas, do Quênia, da Somália e da Etiópia, levando a uma maior competição por recursos cada vez mais escassos e criando o potencial de conflitos baseados em recursos com as comunidades locais.
Níveis de desnutrição aguda em toda população estão aumentando intensamente. Dados mostram em certas regiões 30 por cento das crianças e idosos estão com taxas de desnutrição aguda, o dobro dos limites de emergência, enquanto as taxas de mais de 25 por cento foram registrados no norte do Quênia e no leste Djibuti atingiram 20 por cento nas áreas mais afetadas.
A preocupação maior é a escassez aguda de água. A Somália está enfrentando uma crise severa de água na maior parte do país, enquanto uma grave escassez na Etiópia têm afetado as vidas e o sustento de milhões de pessoas.
O setor da educação está sendo também duramente afetado como consequência do aumento do número de crianças em idade escolar e os professores que têm de migrar em busca de pasto e água. Na Somália, mais de 400 escolas foram fechadas devido à seca desde dezembro, afetando cerca de 55.000 alunos. Na Etiópia, cerca de 58.000 casos de abandono escolar têm sido relatados, principalmente nas regiões da Somália e Oromia.
Enquanto a Líbia é bombardeada com milhões de dólares jogados no ar em forma de mísseis a cada dia, bem perto, na mesma África milhões de pessoas, principalmente crianças, estão ameaçados de desnutrição e morrer de fome. As potencias mundiais estão concentrando suas atenções e poder de morte no Norte, quando deviam usar seu poder para salvar vidas na África Oriental.
Nunca devemos esquecer do impacto humano que todas estas crises estão causando. Detrás de cada estatística de cada pessoa, de cada criança que sofre ou morre de guerra ou de fome, há um rosto humano e não simplesmente um número a mais.
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