A Embrapa e o Cultivo de Sorgo Sacarino
Ninguém pode falar em Sorgo no Brasil sem citar o excelente trabalho da Embrapa Milho e Sorgo em Sete Lagoas, Minas Gerais.
Tenho um respeito e admiração pelas pesquisas com resultados feitas pelos cientistas e pesquisadores da Embrapa, especialmente por tudo que Dr. Eliseu Roberto de Andrade Alves fez e está fazendo pelo setor agrícola nacional.
Dr. Eliseu é uma das maiores autoridades do mundo em transferência de tecnologia e sem dúvida alguma o pai do Agrobusiness no Brasil,
O que Dr. Eliseu Alves fez pelos agronegócios no Brasil transcende qualquer palavra que possa expressar neste artigo. Um pesquisador reconhecido mundialmente e uma grande honra para toda a nação brasileira.
A Embrapa Milho e Sorgo possui um programa de desenvolvimento de cultivares de sorgo sacarino desde a época do Pró-Álcool, programa que previa a substituição em larga escala dos combustíveis veiculares derivados do petróleo por álcool, financiado pelo governo a partir de 1975 devido à crise do petróleo em 1973.
Três cultivares de sorgo sacarino foram lançadas pela Empresa na década de 1980 (a variedade BRS 506 e os híbridos BRS 601 – que ainda permanece no mercado – e o BRS 602).
“Estes materiais são bastante produtivos e apresentam rendimento de aproximadamente quatro mil litros por hectare de etanol em um período de três meses e meio”, segundo pesquisadores da Embrapa.
Vinte e cinco novas variedades de sorgo sacarino estão sendo avaliadas pela Embrapa Milho e Sorgo em diversas regiões brasileiras por um período mínimo de dois anos e prevista para entrarem no mercado em 2012.
Sorgo Sacarino na Produção de Etanol no Brasil
No Brasil, já existem mais de 12000 hectares plantados com sorgo-doce em dez usinas em cinco estados que estão testando uma variedade híbrida desenvolvida pela empresa Monsanto.
Umas delas, A Usina Cerradinho de Catanduva, São Paulo anunciou que pretende antecipar o início de sua safra com a produção de 1,2 milhões de litros de etanol a partir de sorgo sacarino plantados em 1,2 mil hectares da variedade híbrida, capaz de gerar açúcar para a produção de álcool, grãos e biomassa para cogeração de energia elétrica.
O Sorgo-doce é colhido com as mesmas máquinas utilizadas para retirar cana-de-açúcar e o processamento nas usinas depende apenas de alguns ajustes para a produção de etanol.
O sorgo sacarino da Monsanto tem produtividade esperada de 60 toneladas a 80 toneladas por hectare, 12% de teor de açúcar e entre 11% e 15% de fibra. Já a cana-de-açúcar tem produtividade média de 120 t/ha, entre 13% e 14% de açúcar e até 12% de fibras.
Além disto, a Nova Fronteira Bioenergia, joint venture entre o grupo sucroalcooleiro São Martinho e a Petrobrás Biocombustível, anunciou que vai comecar o plantio de sorgo para produção de etanol em Goiás. Segundo a empresa, o objetivo é complementar a produção de etanol de cana-de-açúcar e elevar o período da safra anual em cerca de 45 dias.
A empresa acrescentou ainda que a produção de etanol de sorgo será realizada no período de entressafra da cana-de-açúcar, não competindo com a área plantada com cana. Ela vai ofertar mais etanol dentro da mesma safra, com o produto feito de sorgo e de cana.
A estimativa é que, em três anos, a produção de etanol feito a partir do sorgo da Nova Fronteira atinja 28 milhões de litros por safra, com o plantio de uma área de 7 mil hectares.
Avanços Surpreendentes em Duas Novas Linhagens Híbridas
Pesquisadores de universidade americanas estão anunciando que conseguiram progressos impressionantes na otimização de sorgo sacarino para utilização como matéria-prima em bioenergia.
De acordo com os cientistas, pelo menos duas linhagens híbridas da cultura desenvolvidas até agora devem estar chegando ao mercado no próximo ano.
Os dois híbridos desenvolvidos apresentam níveis mais elevados de conteúdo de sólidos solúveis (açúcar) no suco quando comparados tanto com os híbridos da Mansanto e com os teores presentes na cana-de-açúcar (entre 13% e 14%) cultivada no Brasil.
Os híbrido desenvolvidos nos Estados Unidos têm teores de sucrose entre 19% e 21 % e alta produtividade. O teor bem elevado de açúcar do híbrido americano têm benefícios óbvios para a produção de biocombustíveis de primeira geração.
Além disto, a biomassa residual da colheita é uma excelente matéria-prima para a produção de congeração de calor e energia e como matéria-prima para o biocombustível celulósico.
Várias universidade americanas estão pesquisando outras variedades de sorgo sacarino visando desenvolver variedades de culturas que são mais tolerantes ao frio e o uso mais eficiente do nitrogênio no solo. O objetivo é minimizar a entrada de nitrogênio para que seja reduzida a poluição ambiental e também diminuir os custos de fertilizantes
Segunda a Embrapa “outra vantagem é que pequenos agricultores podem utilizar o sorgo sacarino em mini e micro destilarias para a produção de etanol. A cultura do sorgo se sobressai em regiões marginais, onde não se produz cana, com baixa precipitação e solos ácidos, como o Norte de Minas e o Nordeste do Brasil”.
Deste modo o cultivo em safrinha, integrado ou principal do sorgo doce abre uma perspectiva imensa para diversificação de matéria-prima para produção de biocombustíveis sem entrar na controvérsia de alimentos versus combustíveis.
A grande vantagem do sorgo sacarino é que ao mesmo tempo que produz etanol, também produz grãos (em torno de 2,5 toneladas por hectare), biomassa para congeração e forragem (volumoso) para os animais. Uma cultura que só traz benefícios para todos os lados e participantes.
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