Marcadores Genéticos-Moleculares de Longevidade nos Seres Humanos
A revista “Science” publicou dias atrás um excelente artigo sobre recentes descobertas relacionadas com alta longevidade.
Alcançar a imortalidade continua no reino da ficção científica. Mas, usando pistas deixadas por nossos genes, os cientistas estão a um passo de entender por que alguns de nós vivem para serem centenários, enquanto outros não.
Usando um conjunto específico de marcadores genéticos, os cientistas previram com uma exatidão de 77 por cento, se alguém vai ter uma vida extensa evitando graves enfermidades.
Os resultados não significam que fatores como dieta saudável e exercício físico, não são importantes para uma vida longa. De fato, em 23 por cento dos casos, os marcadores genéticos não previram alta longevidade.
Portanto, aqueles que tiveram vida longa, mas não tinham os genes centenários devem ter praticado os hábitos saudáveis que lhes permitiram atingir idade longa.
Mas sem dúvidas, as descobertas sugerem que os genes desempenham um papel importante quando se trata de viver bem, ultapassando a atual expectativa média de vida.
Com mais pesquisas, um dia as pessoas poderão ser capazes de determinar se elas têm o potencial genético para se tornar centenárias.
Além disso, entendendo mais sobre como centenários evitam doenças, incluindo a demência, as doenças cardíacas e o cancer, em idade avançada, poderia ajudar o resto dos seres humanos a atrasar um grande número de doenças já na joventude.
“Espera-se que a compreensão de como e por que as pessoas centenários são capazes atingir estas idades vai criar estratégias e terapias, descobrindo como rastrear e implantar métodos que poderiam ajudar nas terapias e desenvolvimento de práticas médicas”, afirmaram especialistas em longevidade.
Genética da Longividade
Os pesquisadores compararam os genomas de 1.055 centenários (idade média de 103) com aqueles (controles) que não eram centenários.
Eles identificaram significaticas diferenças no código genético, conhecidos como variantes ou marcadores genéticos, que eram comuns nos centenários, mas não na média da população.
Eles identificaram diferenças (SNPs) no código genético, conhecidos como variantes genéticas ou marcadores, que eram comuns em centenários, mas não na média da população.
Usando um modelo de computador, eles encontraram que 150 destes marcadores poderiam predizer com 77 por cento de precisão se uma pessoa viveria até os 90 anos e além.
Sabe-se que as pessoas que passam dos cem anos têm em comum mutações nestes 150 genes. Na realidade, é um pequeno grupo de genes, tendo em conta que temos cerca de 20 mil, através dos quais podemos prever com bastante precisão se um determinado indivíduo vai chegar a centenário ou não,
Além disso, viram que 90 por cento dos centenários poderia ser categorizado em um dos 19 grupos com base nas variantes genéticas que possuiam. Em outras palavras, cada grupo tinha uma distinta “assinatura genética”, composto de certos marcadores genéticos.
Diferenças nestas assinaturas genéticas podem estar relacionadas com diferenças na maneira como extrema longevidade se manifesta. Por exemplo, algumas assinaturas genéticas foram associados com a idade muito longa (quem vive 110 anos ou mais), enquanto outros foram associados com um início tardio de doenças como a demência.
Então alguém pode viver até a velhice sem esses marcadores? Talvez. Cerca de 30 dos centenários tinha quase nenhum dos marcadores associados à longevidade. Nestes casos, a extrema velhice pode ser influenciada por outros indicadores que ainda têm que serem identificados, ou pelo estilo de vida das pessoas.
Os pesquisadores ficaram curiosos também em achar se centenários tinham menos marcadores que são relacionados com certos tipos de enfermidades. No entanto, a este respeito, eles encontraram pouca diferença entre os centenários e o grupo controle.
Isso pode significar que centenários devem a sua longevidade excepcional ligada a não ter menos “genes maus”, mas a presença de “bons genes” que substituem as que não são bons.
“Este resultado sugere que o que faz com que as pessoas vivam por muito tempo não é a falta de predisposição genética às doenças, mas sim um arranjo dos genes de longevidade que podem criar proteção, e até mesmo anular o efeito negativo das variações associadas a doenças”, afirmaram os cientistas do programa.
Perspectivas Futuras
Os investigadores advertem que, até que um teste genético para a longevidade sejs desenvolvido, os cientistas precisam ter uma compreensão melhor de que tipo de efeito estes atuais resultados poderiam ter sobre a sociedade, como no contexto dos cuidados de saúde.
Eles esperam que o estudo estimule pesquisas adicionais para esses marcadores genéticos e como eles podem contribuir para a longevidade biologicamente.
“Acho que estamos longe ainda de compreender as vias e processos que são reguladas por esses genes, como eles estão envolvidos, e como é a interação desses genes, não só com eles próprios, mas com fatores ambientais. Um dia vamos entender como todos estes fatores estão encaixados no quebra-cabeça da vida longa”, afirmaram os pesquisadores.
Mas este já é um grande avanço em entender os fatores que contribuem para alta longevidade.