A despeito de estar investindo pesadamente em todos os tipos de energia disponíveis e comprando e dominando todo o petróleo que pode encontrar no mundo, como fez com o de Angola, a China está atualmente diante de uma séria crise energética.
A fome insaciável do país asiático por energia continua aumentando a cada dia e trazendo toda um cabedal de consequências para todo o planeta.
Estimativas mostram que se o consumo de petróleo continuar crescendo nas taxas atuais, em 2030 os chineses sozinhos podem chegar a consumir mais do que todo o óleo fóssil produzido hoje mundialmente.
Esta realidade trás desafios enormes para este país a fim de manter o seu incrível crescimento e ter a energia necessária para continuar suprindo sua economia com a energia que precisa.
Na realidade, a crise energética na China é tão ruim que os famosos planejadores estatais, com uma economia controlada-centralizada pelo estado, devem estar tendo noites de insônia em Pequim super preocupados se as luzes estão prestes a apagar e as fábricas vão parar de bombear produtos para outros países, segundo notícias divulgadas em jornais americanos, asiáticos e europeus.
Segue adiante um resumo do que está sendo divulgado na mídia mundial sobre a crise energética chinesa. Áreas imensas da China central, incluindo o centro financeiro de Xangai, podem enfrentar cortes e apagões de energia neste verão com a chegada dos picos de demanda de energia.
Esta é a forma como a agência estatal de notícias, China Daily, resumiu a situação: “A escassez de energia que afetou várias partes do país nos últimos meses poderá ser o prenúncio da pior crise de energia do país no meio a crescentes preocupações que isto poderá afetar duramente o crescimento econômico da nação.”
Como dissemos acima, a demanda energética da China tem aumentado dramaticamente ao longo das últimas décadas com a industrialização do país que rapidamente se tornou um dos principais centros de produção do mundo.
Para acompanhar atender essa demanda e tentar criar um elemento de segurança energética, a China investiu maciçamente em energia hidrelétrica, com a controversa barragem “Three Gorges”, seu maior projeto de energia não petrolífera, o qual inundou cidades históricas e imensas áreas de terras férteis agricultáveis.
Contudo esta agora dependência em energia hidrelétrica, que se estima atualmente fornece cerca de 20 por cento das suas necessidades energéticas, tem se tornado parte do problema e da crise.
Embora secas sejam comuns na China, mas as estiagens nos últimos anos têm sido anormais e muito longas tanto no norte como no sul do país. As secas têm causado graves danos à economia local, principalmente a agricultura.
Temos mostrado aqui como a escassez de grãos tem afetado drasticamente o setor de alimentos pois a verdade é que a China não é mais autossuficiente na produção de grãos para sua população. Isto representa um senhor desafio para os chineses e uma senhora oportunidade para países como o Brasil, Estados Unidos e Argentina.
A China precisa de 120 milhões de hectares de terras aráveis para manter sua autossuficiência em grãos. Contudo um estudo recente mostrou que em 2015 vão existir menos de 117 milhões de hectares para os chineses cultivarem.
Coloque agora o desafio de secas prolongadas associado a diminuição de área plantada sem ser acompanhada por aumento significativo de produtividade como acontece os Estados Unidos. Temos a receita para uma perfeita crise (“perfect storm”) como chamam aqui.
Isto é, sendo dependente do fluxo de água para produzir eletricidade só tem agravado o desastre que está às portas. No momento, é a vez da região central da China ser atingida por uma grande seca.
China se orgulha de seu rápido desenvolvimento econômico. Mas a visão de navios encalhados em leitos de rios secos ao longo do jusante da Barragem “Three Gorges” deve ser um pesadelo para as autoridades chinesas.
Segundo da mídia controlado pelo governo chinês, a seca na região central da China baixou o nível do rio Yangtze para níveis historicamente baixos.
Os níveis de água ao redor da cidade de Wuhan, caíram em cerca de 10 metros, obrigando embarcações oceânicas evitarem a área.
Mais acima no rio, a imprensa estatal chinesa anunciou que os operadores da represa “Three Gorges” começaram a liberar mais água para tentar aliviar a seca a jusante, mas até agora parece ter tido pouco efeito.
A agência de notícias Xinhua disse que “, somente na região Hubei, cerca de um milhão de pessoas sofriam de escassez de água potável e 870 mil hectares de plantações foram afetados.” Quando eles dizem afetados vocês podem imaginar o que restou das culturas.
E o jogo da culpa da seca e do seu impacto está sendo travada na mídia chinesa.
Wang Jingquan membro do Comité de Recursos Hídricos do rio Yangtze, foi citado como tendo dito que o represamento do rio, na represa “Three Gorges” agravou ainda mais a seca, desviando o fluxo de água para as tão necessitadas regiões abaixo do reservatório.
Contudo, Zheng Shouren, um acadêmico da Academia Chinesa de Engenharia e o engenheiro-chefe do mesmo Comité de Recursos Hídricos rio Yangtze, foi citado como tendo dito: “Se não existisse a barragem “Three Gorges”, a seca seria pior e a navegação no rio Yangtsé seria muito perigoso”, acrescentou Zheng.
A resposta mais simples para o problema seria a chover e muito. Mas parece que São Pedro não está colaborando, pois, as autoridades chinesas não estão ainda confiantes de que isto vai acontecer tão cedo.
“Mesmo com a chegada das chuvas fortes que são esperadas nos próximos meses, é possível que elas não elevarão suficientemente o nível das águas”, disse ao jornal China Daily , Wu Heping, diretor do Departamento de Interior da província de Wuhan.
Quando se põe também na equação os problemas atuais que a China enfrenta para se livrar das suas altamente poluentes centrais eléctricas de carvão para melhorar o seu desempenho ambiental, embora ao mesmo tempo a população não esteja disposta ou preparada para pagar preços de mercado para a eletricidade a ser fornecida pelo estado , dificultando assim novos investimento, os números não batem.
A agência de notícias oficial Xinhua resumiu assim a situação: “A demanda deverá exceder a oferta em 40 gigawatts este ano, se a seca persistir, vai atingir para 50 gigawatts em 2012.” O impacto já se faz sentir com algumas fábricas tendo de cortar a produção devido à falta de energia.
O governo chinês suspendeu recentemente todas as exportações de diesel para garantir o abastecimento das fábricas e passar a utilizar geradores a combustível.
A China também está tentando atender sua demanda de energia, assegurando o fornecimento de petróleo a partir do estrangeiro com uma agressiva política de importações.
De acordo com a independente “U.S. Energy Information Administration: “As políticas do governo chinês de energia são dominadas pela crescente demanda do país por petróleo e sua dependência das importações de petróleo.”
E é aí que a crise de energia da China poderá certamente afetar o consumidor americano e de todo o mundo bombeando os preços de petróleo e gás natural ainda mais do que estão sendo atualmente.
Neste cenário a corrida por energia alternativas deve ser top prioridade para todos os países que, como a China, sofrem dolorosamente com a adição e dependência do óleo fóssil.
O Brasil está no caminho certo e com tudo para ser potencia mundial neste século. Lembrem que dos 4 países que formam o BRICA, somente Brasil é realmente alto suficiente em energia com uma forte presença de combustíveis renováveis.
Oportunidade como esta não acontece todo dia. A China precisa de comida, muitas toneladas de energia e mercado para seus produtos. A forte crise energética Chinesa é ao mesmo tempo um imenso desafio local e uma avenida que abre para um mundo novo de negócios e possibilidades.