Agave: Uma nova Fonte para Produção de Biocombustíveis sem Competir com a Produção de Alimentos

Temos escrito aqui sobre a contínua controvérsia de alimentos versus combustíveis. Agora surge uma nova opção para a produção de bioenergia que pode dar uma grande contribuição na produção de biocombustíveis sem concorrer com terras agricultáveis na produção de comida humana ou animal. 

Colheita do Sisal ou Agave (clique para ampliar)

Agora é a vez do agave, a planta usada para fazer tequila, poderia um dia estar enchendo os tanques de nossos carros, em vez de ficar apenas nos tanques dos margariteiros.

Em vez de usar a planta para a produção de aguardente, o mesmo processo de fermentação e destilação poderia ser usada para produzir etanol para queima dos motores dos automóveis, de acordo com estudos publicados recentemente

Agave ou nosso bem conhecido sisal, atualmente conhecido por seu uso na produção de bebidas alcoólicas e fibras, prospera em regiões semiáridas, onde é menos provável que entrem em conflito com a produção de alimentos e rações.

Os resultados das pesquisas mostram que Agave é uma matéria-prima original para biocombustíveis por causa de sua alta eficiência no uso da água e sua capacidade de sobreviver sem água em períodos de secas e longas estiagens.

Agave cresce com sucesso sob condições quentes e secas e é atualmente utilizado na produção de bebidas, alimentos e fibras, e só recentemente foi considerada uma promissora fonte de biocombustível.

 Biomassa de espécies de agave que crescem em terras semiáridas podem ser uma resposta sustentável ao aumento da demanda por combustíveis renováveis que não colidam com produção de alimentação humana e animal.

Se altas produtividades de sisal que exigem um mínimo consumo de água e nutrientes podem ser obtidas em terras que são marginais para o cultivo de alimentos, a questão e polêmica de alimentos versus combustíveis poderia ser bastante atenuada.

Agave pertence ao grupo de plantas que utilizam o CAM (Crassulacean acid metabolism, ou metabolismo ácido das crassuláceas). CAM é uma via metabólica para a síntese de carboidratos presentes em certas espécies de plantas, especialmente plantas suculentas (como as da família Crassulaceae, onde este metabolismo foi detectado pela primeira vez).

Em síntese, as plantas CAM abrem os seus estomas durante a noite, absorvendo dióxido de carbono durante este período, e armazenando-o sob a forma de ácido málico. Durante o dia, com a incidência de luz solar, o ácido málico sofre reações e é transformado em moléculas de glicose.

Deste modo, o uso da água é reduzida porque aumenta a potencial de evapotranspiração exponencialmente com a temperatura, e pela abertura dos estômatos em condições mais frias à noite, menos água é perdida por CO2 assimilado.

Isto significa que quanto maior a variação diurna na temperatura, maior é o uso eficiente de água pelo agave. Devido a essa eficiente utilização dos recursos, as plantas CAM têm sido recentemente introduzidas como culturas energéticas em potencial

 Os cientistas descobriram em 14 estudos independentes que os rendimentos de duas espécies de Agave excedeu em muito o rendimento de outras fontes de biocombustíveis, como milho, soja, sorgo e trigo. Além disso, existem várias espécies mais produtivas de agave que ainda não foram devidamente avaliadas.

Segundo os estudos, culturas bioenergéticas que têm um baixo risco de mudança involuntária de uso da terra é uma resposta a questão das terras para produção de alimentos. Biomassa da Agave pode ser colhido como um coproduto da produção de fibras e tequila sem demanda adicional de terras.

Além disso, as plantações de agave abandonados na América Latina e África que eram compatíveis com o mercado de fibras naturais poderiam ser recuperadas como lavoura de bioenergia.

Adicionais pesquisas sobre as espécies de agave devem ser feitas para determinar as variedades de maior produtividade que seriam mais viáveis para produção de bioenergia em regiões semiáridas do mundo.

Estudos mostraram que Agave tem produtividade comparável à alta produtividade das culturas como milho e eucalipto e tem produção de biomassa muito maior do que a maioria das plantas do deserto.

Outro importante fator é que o agave seria um grande beneficiário do tal aquecimento global que ajudaria aumentar sua resistência ao aumento da temperatura e precipitação variável no acompanhamento das mudanças climáticas globais. Além disso, níveis elevados de CO2 na atmosfera aumentaria sua produtividade.

O Nordeste Brasileiro e países Africanos podem ser os grandes beneficiários desta nova opção de produção de biocombustíveis baseados no agave. 

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