Tenho falado em artigos anteriores sobre o sucesso mundial do Pangasius sp, bagre nativo do rio Mekong do sudeste Asiático.
Embora a aquicultura comercial desta espécie tenha iniciada somente em 1994, o Pangaisius ja é responsável por 50% de toda a exportação de pescados do Vietnã.
Supreendentemente, apesar de um décimo das espécies de peixes do mundo (~ 5.000) ocorrerem na Amazônia, nenhuma delas são cultivadas em larga escala como a Tilápia e agora o Pangasius.
Não posso conceber que entre estas cinco mil e tantas espécies não existam pelo menos duas ou tres que sejam candidatas a estrelas da aquicultura mundial.
Pirarucu (Arapaima gigas)
Podemos começar com o maior peixe de água doce maior do mundo, crescendo até 3m de comprimento e pesando até 250 kg, que é encontrado no Rio Amazonas no Brasil.
O pirarucu (Arapaima gigas) é um peixe de mais rápido crescimento que conheço e adaptado à aquicultura há muito tempo.
O pirarucu é encontrado comumente na bacia Amazônica, mais especificamente nas áreas de várzea, onde as águas são mais calmas e é conhecido também como o bacalhau da Amazônia. Seu nome vem de dois termos indígenas: pira, “peixe”, e urucum, “vermelho”, devido à cor de sua cauda.
Desde que me adentrei na aquicultura como estudante de Engenharia de Pesca na Universidade Federal Rural de Pernambuco, que ouço falar versos e prosas do potencial de Pirarucu para a aquicultura.
Tambaquis (Colossoma macropomum) e Pacus (Piaractus mesopotamicus)
Tambaquis (Colossoma macropomum) e Pacus (Piaractus mesopotamicus) são outras espécies amazônicas de reconhecida adaptabilidade a aquicultura, ciclo de reprodução e engorda dominados e grande potencial de mercado. Estes peixes frugivorus aceitam ração peletizada tendo crescimento rápido e grande aceitação no mercado.
Por que será que até a presente data não existe uma indústria de porte baseada nestas espécies a respeito do todo seus comprovados potenciais. No caso do pirarucu, mesmo criado extensivamente atinge crescimento de até 10 kg somente um ano de cultivo?
O Que Está Faltando?
O que está impedindo destas e outras espécies amazônicas e do rio São Francisco serem cultivadas em larga escala como o ocorre com o Pangasius atualmente? Não tenho dúvida que se tivéssemos empresas privadas de grande porte produzindo alevinos apropriados, disponibilidade de ração de qualidade e uma processadora garantindo a compra da produção, o aumento de aquicultores destas espécies cresceriam exponencialmente e a comercialização atingiria níveis similares ou bem maiores que o bagre vietnamita do rio Mekong.
Mesmo o pirarucu estando na lista de peixes ameaçados de desaparecer, e precisando urgente de sua multiplicação em cativeiro, são poucas as fazendas que cultivam estas espécies. As ações práticas de fomento e desenvolvimento destas espécies a nível representativo mundial gerariam milhares de empregos em regiões carentes trazendo prosperidade e vida decente para muitos.
Contudo isto só vai acontecer quando uma empresa privada realmente apostar nestas espécies e colocar alevinos disponíveis para os piscicultores.
Será que empresas estabelecidas no Pólo de Piscicultura de Jatobá, Itacuruba em Pernambuco ou Paulo Afonso na Bahia não poderiam desenvolver um programa como este em suas unidades de Produção de Alevinos?
Até que isto aconteça, vamos continuar vendo outras espécies muito mais recentes introduzidas na aquicultura como a Tilápia e o Pangasius surgindo, brilhando e ganhando importância mundial. Até quando?
Não sou do ramo de piscicultura, embora muito interessado, sendo Chef de meu restaurante em Salvador, Bahia.
De meu ponto de vista, a pergunta: Por que Os Peixes Amazônicos Não São Ainda Estrelas Mundiais em Aquicultura?
é facilmente respondida. Falta a divulgação do produto, fora do Brasil, ninguém conheçe.
Imagine um Concurso anual Internaçional para chefs premiando a melhor reçeita e logicamente se ganharia dinheiro vendendo o Video mundialmente começando já na pesca, mostrando a paisagem etc… depois elementos de turismo por ex Manaus… e convidar os chefs para o Brasil.. um super show! pois é… é só fazer!
Antonio,concordo como que falas e ainda mais se for pedir informações em um escritorio do Ibama, sobre projetos desta natureza, certamente ira a lugar nenhum.
Caro Aécio, tb sou engenheiro de pesca, e mestre em gestão pública pela UNDP/UFPE. Sou fã de uma espécie de peixe da bacia amazônica chamado “filhote”, sua carne é a mais saborosa que já provei, e olha que sou fã de peixes marinhos, mas o filhote desbanca todos.
Dalgoberto, o filhote é um peixe que no amazonas, chamamos de Piraíba e que chega a uns 2 metros de comprimento e costuma meter um medo danado nos moradores ribeirinhos da calha do Rio Amazonas pois, dizem, tem uma bocarra tão grande que pode engolir uma criança.Outro dia vi, aqui no Ver-o-Peso, em Belém (onde moro) um filhote com uns 150 kg ! Brincadeira, né? Mas é verdade e não sou pescador, não! Um outro bagre que é muito consumido pelos paraenses (amazonenses gostam de peixe de escamas) é a Dourada, peixe liso também. Qto ao pangasius, eu o provei no Rio de Janeiro e, garanto, põe o salmão no chinelo!
Senhores, como podemos trabalhar em um Pais tendo um orgao como o IBAMA gerenciando? quem no Brasil tem licenca por escrito dada pelo IBAMA para criar Carasius auratus auratus ou Bettas splendens ou qualquer peixe ornamental ou industrial?
O IBAMA libera as guias dos peixes para comercio, mas nao fornece autorizacao pra reproduzir nenhum peixe NAO EXISTE NO BRASIL, QUE EU SAIBA, ALGUEM QUE TENHA UM AUTORIZACAO POR ESCRITO, LIBERANDO A PRODUCAO DE QUALQUER QUE SEJA A ESPECIE, PELO IBAMA, nos informamos o que produzimos eles acatam e liberam docs para se comercializar, mas nao da autorizacao pra criar
Qual empresa investe em algo que no outro dia pode mudar as regras? aqui ninguem sabe o que sera ou o que o IBAMA ira editar amanha, o que hoje podemos fazer, amanha pode ser proibido, quem vai investir nisto?
Muitas especies de peixes extinta na natureza, existem ainda por causa de nos aquaristas, mas vai querer pegar um peixe nativo do Brasil pra reproduzir para ver que burocracia tera que enfrentar, e quase que impossivel.
Com esta politica, nada ira mudar por aqui.
Por isto, se sabe mais dos peixes la de fora, que os nossos.