Nelore – Sempre digo em minhas palestras que o Pirarucu é o Nelore da Piscicultura Tropical. Logo o Sequenciamento Genético do Nelore Torna Viável Melhorar a Qualidade da Carne e Aumentar a Produtividade Sem o Aumento do Número de Animais do Rebanho e Sem a Expansão da Área de Pastagem. Quem sabe teremos o Mesmo Sequenciamento para o Pirarucu num Futuro Próximo!
Sequenciamento Genético – Foi divulgado esta semana, na Reitoria da Unesp, em São Paulo (SP), estudo relatando a conclusão do sequenciamento genético da principal raça bovina do Brasil, o Nelore (Bos primigenius indicus).
Embora meu trabalho seja focalizado em aquicultura sustentável e energia renovável, sempre acompanho o que está acontecendo com a bovinocultura, principalmente, a raça Nelore. Promovo em minhas palestras, cursos e seminários que o Pirarucu é o Nelore da piscicultura tropical. Espero que um dia possamos ter também para o Pirarucu, o mesmo desenvolvimento e embasamento de biotecnologia genética que hoje temos para o Nelore.
Tanto para o Nelore como para o Pirarucu, o sequenciamento genético é um passo super importante para o real domínio e eficientização da criação ou cultivo de qualquer espécie terrestre ou aquícola em qualquer parte do planeta principalmente para espécies exploradas intensivamente.
Com este sequenciamento genético ou mapeamento de 100% do genoma da raça zebuína, que é a principal criada em terras brasileiras, com 90% do rebanho, ganha-se uma importante impulso para ajudar a melhorar a seleção genética, até então feita com base em informações fenotípicas (externas) de cada animal.
Há quase um século, a seleção de zebuínos é feita ‘no olho’ ou empiricamente. A partir de agora com este sequenciamento genético, o ganho genético torna-se muito rápido, porque não será mais necessário, por exemplo, ter de abater um animal para conhecer as características da carne.
Dezenas de indicadores-marcadores genéticos, como qualidade da carne, precocidade, resistência a certas doencas, por exemplos, e do desempenho do animal como um todo, poderão ser identificados e conhecidos a partir de um embrião usando tecnologia de ponta nos resultados deste sequenciamento genético.
Com aporte de US$ 500 mil – provenientes da Unesp, Ministério da Agricultura e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) –, o projeto Genoma Nelore começou em junho de 2009, logo depois da conclusão do genoma de referência taurino – a vaca Dominette, da raça hereford –, e foi encerrado em julho deste ano.
O estudo originou o sequenciamento genético completo de uma das duas principais subespécies bovinas, a Bos primigenius indicus. Quando vamos ter o mesmo para o Pirarucu?
O trabalho científico foi feito com base em células de um touro batizado de Futuro Poi do Golias (a sigla POI significa puro de origem importado), um nelore parrudo, de paras curtas e carcaça avantajada nascido em Araçatuba, no interior de São Paulo.
Os pesquisadores, liderados pelo professor José Fernando Garcia, fragmentaram as moléculas de DNA do animal e as “quebraram” em pequenas sequências de 100 nucleotídeos. Daí, anotaram a sequência das unidades formadoras da fita espiralada presente em todos os seres vivos – adenina, timina, citosina e guanina.
Estava traçado o mapa genético, mas ainda não se sabia como lê-lo. Para decifrá-lo, inúmeros pesquisadores passaram a analisar as combinações moleculares responsáveis por cada uma das características do boi.
Feita a identificação do animal, foi extraído o DNA e todo o processo de sequenciamento foi realizado nos Estados Unidos, com a colaboração da Universidade de Maryland.
Foram isolados 777 000 marcadores genéticos 277000 fixos e 500000 variáveis. Esses últimos são os que interessam no trabalhos sequintes de biotecnologia genética bovina do Nelore.
A partir deles, é possível saber tudo sobre um bezerro que acaba de nascer: qual será o peso que atingirá na idade adulta, se terá carne macia ou dura, com que idade estará pronto para o abate, qual será sua resistência ao calor tropical.
Cada criador só manterá em seu plantel no papel de reprodutores os touros e vacas capazes de transmitir a seus descendentes as características que lhe interessam. Quem quer vender carne premium vai buscar os marcadores genéticos relacionados à maciez, à suculência e ao índice de gordura da carne.
Quem aderir a esta tecnologia de ponta vai ter quantidade com alta qualidade e criará bois que ganham peso mais rapidamente, de grande resistência que e podem ser abatidos precocemente.
Para os pecuaristas comerciais de tradição e referências na indústria do Nelore, essa ferramenta é um marco histórico na seleção genética do Nelore, e vai dar muito mais agilidade no melhoramento de todo o rebanho. Vai passar de uma avaliação subjetiva para algo cientificamente comprovado.
No prática de campo, um das áreas mais beneficiadas com este sequenciamento genético, a pesquisa torna viável melhorar a qualidade da carne e aumentar a produtividade sem o aumento do número de animais do rebanho e sem a expansão da área de pastagem.
Além disso, e isto é super importante, vai ajudar o pecuarista de visão a tomar decisões estratégicas, como descarte de animais ou na opção por confinamento.
“Ideal é que essas informações sejam aproveitadas por meio dos programas de melhoramento genético, como os que já existem. Caso contrário, corre-se o risco de a informação se perder”, disse o professor da Unesp.
O professor explicou que a carne bovina brasileira não tem padrão, como ocorre com as carnes de frango e suínos. “A seleção de hoje baseia-se no histórico do animal, entre outros critérios.” Hoje, 90% da carne produzida no Brasil é oriunda de animais zebuínos.
“O objetivo da pesquisa é apresentar um genoma de referência de um animal zebuíno, tão adaptado às regiões tropicais.” Hoje, o chip usado pela pesquisa tem um custo de US$ 200 por animal (a ferramenta SNP chip, de alta densidade, tem a capacidade de testar cerca de 700 mil pontos do genoma, por meio da análise do DNA de um animal, revelando as diferenças existentes entre raças e indivíduos).
Para tornar a ferramenta acessível para o pecuarista, estuda-se a possibilidade de utilizar um chip com menos marcadores, hoje a um custo de US$ 40/animal.
Com o conhecimento do catálogo completo das duas subespécies – Bos primigenius taurus e, agora, do Bos primigenius indicus, será possível desenvolver novos testes de DNA para selecionar os melhores animais dentro de uma população e, com isso, identificar a existência de características importantes, como maciez, distribuição de gordura padronizada, resistência a parasitas e doenças e tolerância ao calor.
A sequenciamento genético também abre espaço para novos produtos, agora certificados e rastreados. Além da Universidade de Maryland, nos EUA, a Università Cattolica Del Sacro Cuore, na Itália, também participou do projeto.
O mais importante para todos nós que trabalhamos com genética é que as informações do sequenciamento são públicas e estão disponíveis no portal do National Center for Biotechnology Information (NCBI) para toda comunidade cientifica mundial
Nossos parabéns a toda equipe da UNESP coordenada pelo Prof. José Fernando Garcia e a toda indústria do Nelore no Brasil que a partir de agora, com este sequenciamento genético, tem uma ferramenta valiosíssima para impulsionar a atividade de forma cientifica e dar um salto-avanço exponencial na produção de carne de alta qualidade – e fará, sem dúvida, um churrasco cada vez melhor e suculento.
O Pirarucu Pode Ser Realmente em Brave o Nelore da Piscicultura Tropical?
Quando vemos o que que a criação do Nelore (Bos primigenius indicus) hoje representa para a Bovicultura, não temos dúvida que o Pirarucu pode representar num futuro próximo o mesmo para a piscicultura tropical.