Colaboração: Rosiel Moura da Silva
Quero falar de uma figura impar, que permeou os rincões sem fim destes brasis afora. Foi e ainda é um personagem desbravador, um levador de progresso, cultura, novidade, conveniência, que fazia a alegria dos habitantes do interior, andando a pé ou de burro, carro, qualquer que fosse o meio de locomoção, ele se embebia de uma coragem sem limites e vencendo as adversidades de um meio inóspito atravessava este Pais-Continente, de norte a sul leste a oeste.
Levava em seus fardos as ultimas novidades dos centros modernos. Nestes fardos-bagagem, tinha de tudo que você podesse imaginar, era seda da China, tapetes da Pérsia, louça da França, biscuit do Japão, tudo quanto era quinquilharias da época, chegava a tempo e a hora ao interior do Brasil, para se desfrutar das novidades da época.
Era o mascate, este impulsionador do progresso, vendedor ambulante que levava a alegria com suas novidades para as crianças, moças e moços, noivas e noivos, senhoras e senhores.
Quantos homens na sua indumentária desfrutavam da estilística desfilando com um chapéu prada. Quantas moças usaram um baton pela primeira vez trazido por um caixeiro viajante, tudo que você podia imaginar ele trazia em sua bagagem, enchendo de ilusão e felicidade a todos que compartilhava de seus produtos.
Subia serra, descia vale, atravessava rios caudalosos, enfrentava ladrões, varava sertões, mas sua missão era obstinada no sentido de levar o progresso para o interior do Brasil.
Quantas casas adornadas com seus utensílios, quantas pessoas bem vestidas com suas peças de linho holandês, quantas camas bem ornadas com seus lençóis orientais, quantas madames brilhando com suas ouversarias das Minas Gerais, ornando seus dedos, pescoços, cada jóia mais linda que a outra, quantos pés bem calçados com seus sapatos finos e quantos senhores ostentando em suas cabeças os famosos chapéus dos cafés parisienses, ate cama faixa azul ela trazia na sua bagagem.
As noites de domingo seja na missa ou no culto, havia um desfile de moda com os lindos vestidos, aromas extasiantes de essência francesa. Creio que a minha primeira bola de futebol foi adquirida por meu pai de um caixeiro viajante, e as meninas que se deliciavam com as bonecas lindas que chegavam aos seus braços, embalando como se fossem seus próprios filhos.
Não devemos esquecer o quanto este personagem contribui para que mocas suspirassem de paixão, envolvidas como em uma novela da revista capricho, onde o amor conduzia a uma ilusão avassaladora deixando cada coração suspirando pela chegada do príncipe encantado personificado na pessoa do caixeiro viajante, que alem de trazer tudo de novidade dos grandes centros trazia também o calor aos corações das jovens sonhadoras.