Colaboração: Marcia Alaide Santos
Há 23 anos que trabalho com o magistério em minha cidade, sempre com turmas de crianças de 07 a 10 anos, de uns três anos pra cá me vi em turmas de EJA (Educação de Jovens e Adultos), pois as circunstâncias pediram.
Sempre havia escutado depoimentos de colegas de como era bom trabalhar com adultos, como era gratificante, até então não tinha noção dos desafios que encontraria pela frente.
Quando iniciei, lembro como se fosse hoje, foi no segundo semestre de 2007, pois havia passado no concurso municipal, até então eu era coordenadora nesta mesma escola.
Foi então que descobri o primeiro desafio, eles eram muito apegados a professora que trabalhava com eles, que era contratada temporariamente, mas que já estava na escola há dois anos e com aquela mesma turma.
Nossa, foi um impacto para os alunos e um pouco constrangedor pra mim, pois era como se eu estivesse tomando o lugar dela. Foi muito choro na despedida, fizemos uma festinha para celebrar os bons momentos que haviam tido ao lado dela em forma de agradecimento.
Começou aí uma peleja diária com a turma para conquistar sua confiança, não foi fácil, mas o tempo mostrou a eles o respeito que tinha pelas dificuldades intelectuais e sociais pelas quais passavam.
Nossa como me apaixonei por eles! Lembro bem que todo o dia dividia com meu marido e colegas os momentos que passava ao lado dos meus queridos alunos. Hoje continuo trabalhando com uma turma de EJA e posso garantir que agora compreendo os depoimentos que escutava de colegas.
São apaixonantes as lições de vida e de superação que nos dão. Coisas que até então achava que eram problemas, diante das dificuldades que os vejo passarem se tornam pequenas, bem pequenas.
Hoje um dos grandes desafios encontrados pelos professores de EJA tem sido manter os alunos em sala. O índice de evasão ainda é grande, mas sei também do esforço de cada educador para mudar esta estatística num país onde educação não tem sido prioridade para os políticos.
Não existem condições materiais e até mesmo estrutura física, mas felizmente existem profissionais em educação sensíveis e humanos que fazem a EDUCAÇÃO acontecer, tornando realidade o sonho de tantos que o de LER E ESCREVER, mostrando superação a cada dia, dando e recebendo lições de vida que ficam para sempre.
Parabéns, Márcia! Você é uma profissional exemplar que vai além dos limites da sala de aula e faz acontecer.