Um Rex e Uma Odara em Minha Vida – Parte II

Colaboração: Rosiel Moura da Silva (continuação da Parte I)

Cuidei de suas feridas e ele voltou novamente a ficar forte, mas não podia conviver junto com o Rex, e eu tive que abrir mão de um dos dois e fiquei com o Rex, e um senhor muito prestimoso que morava num sitio o levou para criar e montar guarda em sua casa.

O tempo foi passando e rex entrou no inexorável e inevitável destino de todo ser vivo, envelhecer, já não era mais aquele cão com a vitalidade juvenil, e eu passei a estudar no Recife, mas todas as vezes que vinha visitar e geralmente chegava a noite, lá estava o Rex a mim esperar. Era quando ele tinha um pouco de alento e alegria.

Ate que em uma dessas visitas, não o encontrei a esperar, perguntei a todos e ninguém soube responder aonde ele estava, ate que no dia seguinte um amigo me falou que tinha visto um grande cachorro felpudo morto sendo levado pelo rio.

Senti uma tristeza profunda, pois mesmo sem ver tinha a certeza que tinha sido o Rex. Não tive a oportunidade de fincá-lo na terra e dizer umas palavras de despedida por toda a alegria, emoção, aventura, proteção com que ele encheu minha infância e adolescência.

É uma recordação muito boa que em toda a minha vida eu levarei do Rex, do seu jeito alegre seu olhar penetrante e juvenil, e uma oportunidade de prestar esta homenagem a um ser fiel, amigo e companheiro, o meu cachorro-cão REX.

Depois disto a vida foi em frente e já na minha fase adulta, já casado com filhos, não posso deixar de lembrar de um cão fêmeo que passou em minha vida, seu nome era Odara. chegou lá em casa como um presente que demos a nosso filho, esta foi o animal mais inteligente que já vi em minha vida. Só faltava falar mesmo, era uma bela representante da raça dog alemão e conviveu conosco muito tempo dando sinais de um ser realmente fora do comum, teve uma ninhada de filhotes e foi a mãe mais abnegada que já vi , com uma verdadeira noção de cuidado, proteção.

Certa vez ela já velha, chegou a adotar a ninhada de outra cachorra, coisa que jamais tinha visto, chegando mesmo sem ter tido filhotes a amamentar com o seu leite. Teve um tempo que ela adoeceu, e aqui na região do planalto central, existe muitas religiões alternativas que transmite seus benefícios a todos, homens e animais, que vão procurar lenitivo para seus sofrimentos, e meu filho nos narrou o seguinte:

ele pegou a Odara e levou para uma destas reuniões. Tinha lá a pratica de se tomar água abençoada para curar os males. O moço que estava a frente da reunião, convidou a todos para ir onde ele estava e beber a água abençoada e meu filho levou a Odara, depois todos voltaram para seus lugares.

Quando ja estavam todos sentados o moço perguntou se alguém ainda queria beber um pouco mais. Todos ficaram sentados menos a  Odara. Ela levantou e foi lá para frente beber novamente da água. Meu filho contou que ficou extasiado com a atitude.

Dois anos depois ela adoeceu cruelmente e já não conseguia mais levantar, com isto criou uma grande escara nos quadris que consumia sua parte traseira, ate que um veterinário desenganou e aconselhou sacrificar, foi a decisão mais difícil de minha vida dar-lhe aquela injeção fatal mais que iria acabar com seus sofrimentos, e assim foi feito todos choramos e lamentamos muito, mas não teve outro jeito.

Pegamos ela com o corpo inerte e levamos para uma colina perto de casa onde fizemos uma verdadeira homenagem. E hoje quando olho para aquela colina tenho a impressão de vê-la correndo livre e solta sem as amarras  e limitações do corpo,  nos eternos campos de caça como dizia o índio americano.

Pois,quem sabe como mostra o filme, pode ser que todos os cachorros-cães vão para os céus.  Esta é minha homenagem faço aos cachorro-cães que passaram em minha vida e a todos aquelas que amam seus animais de estimação.