Originado da África e Oriente Médio (Rios Nilo, Jordão e Mar da Galiléia), Tilápia, principalmente Tilápia Nilótica (Oreochromis niloticus (Linnaeus, 1758)), é um das mais cultivadas espécies de águas tropicais em todo o mundo.
Tilápia foi um dos primeiros peixes cultivados no nosso planeta. Figuras nas tumbas dos Faraós do Egito mostram tilápia cultivada em viveiros nas margens do Nilo.
Tilápia é considerada o peixe que Jesus multiplicou e alimentou as multidões. Em partes de Oriente Médio e Europa, uma das espécies de Tilápia é conhecida como, St. Peter Fish (Peixe de São Pedro).
Nos últimos 20 anos Tilápia passou de uma completamente desconhecida do mercado de pescado dos Estados Unidos, para se tornar o quinto fruto do mar mais consumido junto aos americanos.
Em 2010 os EUA importaram 215.4 mil toneladas de Tilápia, comparadas com 135 mil toneladas em 2005. A rede Wal-Mart importa mensalmente cerca de 200 contêineres, ou quase 4,000 toneladas cada mês vindas da China.
Entretanto, recentemente uma grande controvérsia está surgindo com a nossa tão conhecida Tilápia. Jornais famosos e de alcance mundial, como aconteceu a semana passada com uma longa reportagem no New York Times, têm levantado dúvidas e suspeitas sobre a sustentabilidade e benefícios à saúde da Tilápia cultivada intensivamente e alimentada predominantemente à base de grãos.
Segundo afirmam, salmão contém 2000 mg por porção de Omega 3, e a tilápia cultivada tem apenas 135mg de Omega 3 por porção. Ainda segundo o jornal, por causa de sua dieta intensamente baseada em milho e soja, tilápia cultivada tem o dobro do prejudicial Omega 6 do que o do benéfico Omega3.
Outro fato é que a maioria das tilápias cultivadas importadas pelos EUA vêm da China e são congeladas usando monóxido de carbono para manter artificialmente a aparencia fresca, prática esta proibida em muitos países.
A questão maior são os reais benefícios ou malefícios que a Tilápia, como também o catfish, podem ter quando alimentados com rações balanceadas sem os componentes contidos nas algas, como o Omega-3.
Todos sabemos que na natureza, alga é o principal componente na dieta da Tilápia. Alguns estudos estão tentando provar que a mudança da dieta da Tilápia para uma ração estritamente baseada em soja, milho e outros grãos, muda completamente a composição da carne do peixe podendo trazer consequências para os consumidores.
Uma das afirmações é que quando um alimento é rico em ômega-6 mas pobre em ômega-3 (desbalanceamento de ácidos graxos) pode causar problemas coronários sérios como inflamação do coração e outras doenças cardíacas.
Como estão focalizando tanto em catfish como em tilápia, muito estão parando de consumir ambos peixes cultivados alegando que eles são alimentados principalmente com milho e soja, e os seus níveis de ômega-3 são inexpressivos, pois, a presença destes componentes é um dos principais benefícios de comer peixe é ingerir mais ômega-3.
Os defensores destes estudos dizem que comparado com outros peixes, tilápia e catfish cultivados contém quantidades relativamente pequenas dos benéficos ácidos graxos – ômega-3 – presentes em óleos de peixes que são as principais razões pelas quais os médicos recomendam a ingestão frequente de pescados. Afirmam que salmão tem mais de 10 vezes a quantidade presente nas tilápias.
Isto é, segundo eles o modo como tilápia é arroçoada leva a ter uma mistura menos saudável de ácidos graxos, porque os peixes são alimentados predominantemente com milho e soja, e não o que consumem na vida selvagem, essencialmente, plantas e algas ricas em ômega-3.
Se eles estão certos ou não e até que ponto isto vai afetar o consumo de Tilápia nos Estados Unidos e em outras partes do mundo, não se sabe. Contudo, esta controvérsia só cresce a cada dia.
Uma coisa é certa, temos correr à frente e achar modos de incorporar ácidos graxos nas rações de tilápia e qualquer outro peixe cultivado. Não prestar atenção a voz do consumidor e as informações que recebem no mundo digital ligado pela internet pode significar sérios desafios no futuro.
Por outro lado, cada vez mais vejo a importância das pesquisas que nosso grupo e outros pesquisadores em várias partes do mundo estão fazendo para usar os resíduos (cake) de algas (depois da extração de óleo usados em biocombustíveis) para produção de ração animal (gado de corte/leite, peixes, aves, etc).
Esta pode ser uma das reais alternativas que teremos para incorporar ômega-3 a preços competitivos na ração aquícola. Testes e estudos foram realizados substituindo em rações para tilápia 100% da farinha de peixe por algas secas sem terem o óleo extraído . Os resultados foram todos positivos. Vamos falar sobre isto em um próximo artigo.
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